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Micro e pequenas indústrias demonstram otimismo

Encomendado pelo Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo) e realizado pelo Datafolha, o estudo analisa itens como o desempenho das empresas

As micro e pequenas indústrias costumam ser as primeiras a se preocupar quando alguma coisa não vai bem na economia. Por isso, é digno de nota quando o otimismo invade o coração dos seus gestores, como ocorreu em pesquisa realizada em agosto. Encomendado pelo Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo) e realizado pelo Datafolha, o estudo analisa itens como o desempenho das empresas, aumento na margem de faturamento, abertura de novas vagas, satisfação com a economia nacional e estadual, expectativas econômicas sobre inflação, emprego e poder de compra.

“Existe otimismo e o melhor é que ele é baseado em fatos reais, como as vendas, e o cenário econômico”, diz o presidente do Simpi-SP, Joseph Couri. “Acho que os acontecimentos de junho, especialmente as passeatas pelo Brasil todo, trouxeram um clima de insatisfação generalizado. Embora as soluções para os problemas apontados pela sociedade não tenham sido completamente resolvidos, o susto passou”, diz Couri. “É exatamente como uma gripe. Tem a fase aguda, que foi em junho, depois o tempo vai passando e os sintomas perdem a intensidade. Mas, de qualquer forma é preciso estar atento para não ter uma recaída”, diz.

CENÁRIO - Em agosto, 64% dos entrevistados pontuaram como positivo o desempenho da economia nacional. Destes, 20% avaliaram como ótimo ou bom, contra 13% observado na última pesquisa, e para 44% o momento foi regular, frente os 37% de agosto. Consideraram como ruim ou péssimo 35% dos entrevistados, número que decresceu se comparado à avaliação de 48% do mês anterior.

Quando questionados sobre o desempenho da economia do Estado de São Paulo, 71% avaliaram positivamente, dos quais 26% responderam ótimo ou bom e 45%, regular. A mesma avaliação na pesquisa anterior apontou os resultados de 19% e 39%, como ótimo ou bom, e regular, respectivamente. Ruim ou péssimo obteve 28% dos votos na pesquisa, grande disparidade quando comparado aos 41% da pesquisa anterior.

A situação das empresas melhorou em comparação com julho. Entre os entrevistados, 48% avaliaram a condição de sua empresa como ótima ou boa (eram 38%), 37% opinaram como regular (contra 42%) e 15%, como ruim ou péssima (eram 21%).

ENTRADAS - A satisfação com o faturamento das empresas também foi positiva. A pesquisa mostrou que 32% dos dirigentes avaliaram como bom ou ótimo (eram 27%), 39% como regular (contra 43%) e 26% como ruim ou péssimo (eram 31%).

O índice de abertura de vagas também contribuiu para o otimismo do setor. Na pesquisa, 16% das empresas pretendem abrir novas vagas em agosto, contra 10% em julho. A pesquisa mostrou também que apenas 3% das empresas pretendem fechar vagas no próximo mês, contra 4% em julho.

“Agosto é um mês em que a indústria recebe os pedidos para o fim do ano, o que nos permite imaginar que essa visão positiva se estende a outros setores produtivos”, observa Couri.

Juros e inadimplência ainda preocupam

Um dado preocupante para os dirigentes de micros e pequenas indústrias paulistas foi apontado na pesquisa realizada pelo Simpi-SP (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo): 38% dos entrevistados recorrem a linhas de crédito para pessoas físicas para obter capital de giro, entre empréstimos pessoais no banco, com parentes e amigos, ou empresas que fornecem esse tipo de serviço, entre outras.

“O problema do crédito para pessoa física é que os juros que incidem sobre essa modalidade ficam entre 6% e 14% ao mês. Por ano, o valor sobe entre 150% e 300%, o que torna a dívida impagável”, observa o presidente do Simpi-SP, Joseph Couri.

“Esses industriais têm de mudar o perfil das suas dívidas ou correm o risco de quebrar”, aponta. O dirigente reclama que o sistema financeiro abre uma porta muito estreita para o micro e pequeno industrial que precisa de capital de giro.

As linhas de crédito para pessoas jurídicas, com juros menores, são utilizadas por 39% dos entrevistados na pesquisa. Apenas 18% disseram não contrair empréstimos.

E capital de giro, para uma empresa, é o ar que preenche os pulmões. Do total de dirigentes entrevistados, 37% afirmaram que o recurso é pouco, enquanto 28% apontaram que falta ou não é suficiente. A inadimplência ainda continua a preocupar 57% das empresas da categoria econômica da micro e pequena indústria, segundo os indicadores de agosto (em julho eram 55%).

Os resultados gerados quanto à expectativa da inflação mostram otimismo. De acordo com a pesquisa, o número de dirigentes que acredita no aumento da inflação diminuiu. Dos entrevistados, 11% acham que a inflação diminuirá, (em julho eram 5%). Os empresários que acreditam que a inflação aumentará também recuou. Foram 54%, contra 60% em julho. Além disso, 33% acreditam que continuará como está, número semelhante ao observado na pesquisa anterior.

Um dos pontos que ainda incomoda os dirigentes das micro e pequenas indústrias é a concorrência com produtos importados. De acordo com a pesquisa, 78% dos entrevistados consideram a situação desfavorável para seus produtos, frente os importados (em julho eram 75%). Nove por cento disseram que as condições são iguais para todos os lados (eram 16%), e 11% consideram as condições favoráveis para seus produtos e desfavoráveis para os importados (eram 6%).

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